Morreu nessa terça-feira (26), no Hospital Copa Star, na zona sul do Rio, o autor de novelas Gilberto Braga, aos 75 anos. Considerado um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira, é autor de obras clássicas da TV como Dancin’ Days, Vale Tudo, Corpo a Corpo e Paraíso Tropical, entre outras.
O teledramaturgo nasceu no Rio de Janeiro em 1º de novembro de 1945. Cursou a faculdade de Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio e começou a trabalhar dando aulas na Aliança Francesa.
Sucesso
A novela Dancin’ Days (1978) alcançou grande sucesso e marcou a estreia de Gilberto Braga no horário nobre, como autor titular, além de ter sido a primeira novela contemporânea e adaptação de romance consagrado. A trilha sonora internacional, basicamente com canções de discoteca, foi um sucesso de vendagem, com mais de 1,5 milhão de cópias, assim como a trilha nacional, com 1 milhão de cópias, estimulando o crescimento de novas casas do gênero. A novela também lançou diversos modismos,, como voos de asa delta e meias de lurex usadas com sandália.
A Rede Globo informou que Gilberto chegou a cursar Direito e a prestar concurso para o Itamaraty, mas não avançou em nenhuma das duas carreiras. Atuou como professor de francês e foi crítico de teatro e cinema no jornal O Globo, entre outras funções, tudo isso antes de se dedicar exclusivamente à teledramaturgia.
O novelista assinou – sozinho ou em parceria com renomados autores – grandes sucessos e tinha como um dos traços mais marcantes de suas obras a crítica social. Normalmente, suas histórias eram ambientadas na cidade do Rio, por onde tinha o prazer e o hábito de caminhar pelas ruas, o que fazia dele um grande entendedor da vida carioca.
Seu primeiro trabalho na Globo foi em 1972, com uma adaptação de A Dama das Camélias para o programa Caso Especial, com direção de Walter Avancini. A história foi protagonizada por Glória Menezes. Depois, vieram outros episódios para o programa. Um deles, especificamente, fez muito sucesso à época: As Praias Desertas, que tinha no elenco Dina Sfat, Yoná Magalhães e Juca de Oliveira.
A experiência de escrever uma novela veio em 1974. Sob o título A Corrida do Ouro, Gilberto assinou a trama ao lado de Lauro César Muniz e Janete Clair. Ele tinha apenas 29 anos e sua grande fonte de inspiração e formação foi Janete, como fazia questão de dizer em entrevistas que concedeu ao longo da carreira.
Vieram, então, as adaptações Helena e Senhora, ambas exibidas em 1975. Nesse mesmo ano, assumiu o desafio de dar continuidade à novela Bravo!, de Janete Clair. A autora precisou se dedicar a um novo projeto e Gilberto passou a assinar a autoria da trama, que foi ao ar no horário das sete.
Seu primeiro grande sucesso, no entanto, foi Escrava Isaura, exibida em 1976, um marco da teledramaturgia nacional. Gilberto assinou a adaptação que o tornou muito conhecido quando tinha apenas 31 anos. Escrava Isaura é uma das obras mais vendidas e exibidas no mercado internacional.
Em 1977, ele escreveu Dona Xepa, que narrava a história de uma popular feirante, vivida por Yara Cortes. Exibida no horário das seis, a obra obteve o melhor desempenho de audiência da faixa até então. A estreia no chamado horário nobre, das 20h, foi em 1978, com Dancin’ Days. Sonia Braga despontava no papel principal – que tinha a personagem de Joana Fomm como antagonista. Em 1980, escreveu Água Viva, que contou com a coautoria de Manoel Carlos a partir do capítulo 57. Na novela Brilhante, de 1981, Gilberto teve a contribuição de Euclydes Marinho e de Leonor Bassères. O autor repetiu a parceria com Leonor em suas duas obras seguintes: Louco Amor (1983) e Corpo a Corpo (1984).
Gilberto escreveu em 1986 sua primeira minissérie, Anos Dourados, com direção de Roberto Talma. Tratava-se de uma história ambientada durante o governo JK. O casal protagonista foi vivido por Malu Mader e Cássio Gabus Mendes. Gilberto também assinou a produção musical da minissérie. O autor nunca escondeu a sua ligação com o universo da música. Ele escolhia grande parte das trilhas sonoras de suas novelas e os temas dos personagens.