Um estudo publicado no periódico científico The Lancet, em outubro do ano passado, revelou que a pandemia de Covid-19 provocou um aumento global de distúrbios como ansiedade, com 76 milhões de novos casos em 2020. Isso fez com que muita gente se automedicasse com fitoterápicos – obtidos a partir de derivados vegetais como suco, cera, óleo e extrato.
Segundo o médico psiquiatra Cássio Silveira, por ser natural muitos acreditam que as substâncias são inofensivas ao organismo. Mas é preciso ter cautela com uso desse tipo de medicamento, que assim como os alopáticos, também apresentam efeitos colaterais.
“Quando a gente pensa no fitoterápico existe um mito, que por ser oriundo de planta, por ser fitoterápico, ele está isento de ter efeitos colaterais. Qualquer medicação, seja ela alopática seja ela fitoterápica, ela vai ter sim efeitos colaterais. Os fitoterápicos podem ter menos efeitos colaterais, mas eles não são isentos desses efeitos, inclusive a depender da quantidade que você use o medicamento você pode sim ter riscos graves, há inclusive relatos de alguns chás e plantas que podem levar até a morte da pessoa. É arriscado usar qualquer medicação sem orientação médica”, explica.
Silveira ressalta que os fitoterápicos, seja utilizado por automedicação ou por prescrição médica, não tem o seu perfil tóxico bem conhecido. Mas a depender do caso, pode ser utilizado como tratamento adjuvante em pacientes com quadros mais leves. “Infelizmente o medicamento fitoterápico que a gente tem disponível no mercado para tratamento da ansiedade não são tão potentes ansiolíticos, mas em casos que são mais leves eles podem sim ser utilizados com alguma eficácia para o tratamento da ansiedade”.
Sobre a possibilidade dos fitoterápicos causarem dependência nos pacientes, o psiquiatra diz não há comprovação. “Pode existir uma certa abstinência, o paciente fica sem utilizar e sente falta, sente sinais de abstinência, existem algumas pessoas que tem o que a gente chama de dependência psicológica, aquela pessoa que se ficar sem o remédio não vai se sentir bem, se sente inseguro, então acabo reforçando essa necessidade de utilizar a medicação, mas não se tem relatos concretos de sintomas de abstinência após retirada do uso dos medicamentos fitoterápicos”, destaca.
Silveira ressalta ainda a importância da realização de atividades físicas e a procura por profissionais de saúde diante de um quadro de ansiedade.
“Quando a gente fala de uso de medicamentos fitoterápicos pessoa já está de alguma forma tentando cuidar da sua saúde, ela já buscou ajuda de um medicamento, indicação de algum farmacêutico, de algum conhecido que pudesse ter uma forma de lida com sua ansiedade. Então quando a gente pensa nisso, uma das formas de cuidar da nossa ansiedade é com a realização de um exercício físico de sua escolha, ter uma alimentação mais saudável, sem gordura, sem alimentos mais pesados, ingestão de água numa quantidade adequada, de pelo menos dois litros por dia, e em casos mais graves buscar a ajuda de um profissional de saúde adequado. O ideal é que seja um psiquiatra que é especialista pra tratar da ansiedade, mas na ausência do psiquiatra que ele possa ser avaliado por um profissional de saúde, possivelmente também um psicólogo pode avaliar e fazer as indicações, existe esse trabalho em conjunto muito bem feito entre a psiquiatria e psicologia. Com a saúde não pode brincar, simplesmente seguir orientação de um vizinho, de um amigo que por mais bem-intencionado que a pessoa seja ela pode tá te colocando numa cilada que pode custar sua saúde mental e física”.
Fonte: BNews