A formação da identidade cultural brasileira desdobrou-se num processo que foi buscar as origens indígenas, assim como a própria herança europeia. No entanto, parte da sua expressão cultural começou a ser orientada por um ideal modernista, também fruto dos movimentos artísticos da Europa. Porém, a grande distinção seria a sua integração nestas ramificações que advêm das origens primárias do povo brasileiro, disperso por um território tão amplo. Por isso, faz sentido viajar ao conceito de antropofagia e à emergência do tropicalismo, ambos cruciais naquilo que é a cultura brasileira tal como é conhecida hoje.
Na base, está o Manifesto Antropófago, que o escritor Oswald de Andrade escreveu em 1928. Era um sentido que procurava desvincular-se com o passado, orientado para uma postura cada vez mais universal e, de certa forma, revolucionária. No processo, a repressão política e social que se começou a sentir e que violou as liberdades de criação e de pensamento cultural. O grande sentido do tropicalismo seria importado pelo artista plástico Hélio Oiticica, que se alimentaria da antropofagia proposta pelos modernistas brasileiros para o conceber. E assim foi, com esse mesmo sentido universal, de uma alimentação em relação às influências do exterior, mesclando-as com as expressões do interior, para desenhar essa linguagem capaz de abarcar todo o mundo. O sentido de potenciar os valores positivos de ambas as influências ajudam a esclarecer uma postura que se procura desvincular de qualquer sentido colonial.