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Menino de 11 anos relata tortura e é resgatado em SP; pais são procurados

Um menino de 11 anos foi encontrado por vizinhos com sinais de tortura e maus-tratos, em Itu (SP). A suspeita é de que ele sofria violência física e psicológica praticada pelos pais há pelo menos cinco anos. O casal teve a prisão preventiva decretada e está foragido.

O Conselho Tutelar afirma que recebeu a denúncia sobre as agressões na segunda-feira (2) e foi até o local indicado para resgatar a criança. O menino conseguiu fugir da residência dos pais e relatou as agressões sofridas para um amigo, depois que o pai teria ameaçado de “cortar os seus dedos” com um facão. O fato teria acontecido depois que o garoto pediu R$ 4 para comprar pão-de-queijo, o que teria desagradado o homem. O colega em questão comunicou o caso a moradores vizinhos.

A criança teria relatado às pessoas que o encontraram que sofria agressões físicas, psicológicas e até mesmo privação alimentar na casa onde morava com os pais, no bairro Vila da Paz.

As agressões, segundo o menino, começaram quando ele tinha 7 anos e eram realizadas de várias maneiras como enforcamento com fio, golpe de facão no corpo, tapas e socos. O menino relatou que chegou até mesmo a ser atingido por água de bateria de carro na cabeça.

O menino foi acolhido pelo Conselho Tutelar e está sob a tutela do estado. Ele fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba (SP) para avaliar os ferimentos.

Segundo a Polícia Civil, o pedido de prisão preventiva dos pais foi qualificado como tortura, lesão corporal e abandono de incapaz. O caso corre em segredo de Justiça.

Segundo informações da Polícia Civil, o casal ainda não tem defesa constituída. Este espaço será atualizado tão logo os investigados ou seus representantes legais apresentem manifestação.
No bairro Vila da Paz, onde a família da criança reside, moradores relatam que o menino quase não era visto brincando pelo bairro e que frequentemente tinha marcas de agressão. Quando ele era questionado sobre os machucados, dizia ser devido a quedas.

“Ele vinha aqui frequentemente. Entrava, pegava o que precisava e já saia. Ele não conversava e dificilmente olhava no nosso rosto, sempre estava de boné e parecia estar triste. Quando a gente perguntava sobre os machucados, que eram principalmente no rosto, ele falava que havia caído da árvore, de bicicleta, sempre tinha uma desculpa”, relata uma comerciante do bairro, que pediu para não ter o nome divulgado.

Ainda segundo a mulher, os pais da criança também frequentavam o local.

“A mãe era de poucas palavras, mas o pai sempre muito simpático. A gente imaginava que o menino apanhasse de maneira exagerada da mãe, mas não que era torturado daquela forma tão cruel”, diz a mulher.

Por: Folhapress