O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) não poupou críticas ao patamar atual dos juros no Brasil, uma política que ele considera “equivocada” e que, ao ver dele, atrapalha o desenvolvimento do país. Além disso, voltou a atacar a instituição da reeleição. “Temos que abrir mão da reeleição e fazer o que tem que fazer”, afirmou Ciro, nesta quarta-feira (29/6), de forma virtual no Diálogo da indústria com os pré-candidatos à Presidência da República, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,25% ao ano, e Ciro defendeu uma política mais estimulativa de crédito para o consumo e o financiamento de empresas, que estão com taxas de endividamento
O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) não poupou críticas ao patamar atual dos juros no Brasil, uma política que ele considera “equivocada” e que, ao ver dele, atrapalha o desenvolvimento do país. Além disso, voltou a atacar a instituição da reeleição. “Temos que abrir mão da reeleição e fazer o que tem que fazer”, afirmou Ciro, nesta quarta-feira (29/6), de forma virtual no Diálogo da indústria com os pré-candidatos à Presidência da República, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 13,25% ao ano, e Ciro defendeu uma política mais estimulativa de crédito para o consumo e o financiamento de empresas, que estão com taxas de endividamento elevadíssimas, porque os juros estão cada vez mais proibitivos para o investimento produtivo.
“O emprego e a renda estão deprimidos e em níveis recordes. A renda está em seu pior momento e se não tem emprego, a única política pública é no crédito popular, pois 77,8% das famílias estão no recorde de seu endividamento. A mesma coisa para as empresas. Os empreendedores e empresários estão à beira do calote com o patamar de juros, que é impagável”, disse o pré-candidato. Segundo ele, é preciso uma reestruturação que está prevista no programa de governo dele.
O ex-ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), também criticou a descapitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), promovida pelo atual governo, e o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), “criada por ele” e que hoje substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP). “Paulo Guedes (ministro da Economia), tirou quase R$ 200 bilhões do BNDES, que ficou enfraquecido e não tem sentido. Com a Selic alta, eu o imposto do crédito para um trator é de 18% (ao ano”, disse Ciro, citando que viu esse “imposto” cobrado na Agrishow, evento do setor no interior de São Paulo.
O pedetista ainda ainda demonstrou indignação com o fato de quatro dos cinco maiores bancos brasileiros estarem entre os 10 mais rentáveis do mundo, justamente por conta da atual política de juros altos que ajuda a contribuir para o aumento do endividamento público, que ajuda a engordar o lucro dos bancos, principais credores dos títulos emitidos pela União.
“A cada 1,5 ponto percentual na Selic, a dívida pública aumenta quase R$ 60 bilhões”, afirmou Ciro, que fez alerta para o risco de insustentabilidade da dívida pública, que poderá facilmente chegar a 100% do Produto Interno Bruto (PIB), ao contrário do que afirma o atual governo. “O mundo não cai na propaganda enganosa (do governo). O país está indo para o caminho da inadimplência”, alertou.
Para o pré-candidato, um dos principais problemas para o baixo crescimento econômico do Brasil é a política de juros altos que valoriza artificialmente o câmbio, deixando o dólar mais barato frente ao real, em com a ajuda da inflação que aumenta os preços das commodities.
“O Brasil prostrou-se ideologicamente e por apologia à ignorância”, afirmou, ao criticar a reeleição, que ocorreu, segundo ele, devido ao “efeito popularesco da taxa de juros, que fez o dólar valer R$ 0,85”. “E todo mundo foi para a farra do consumo. Era mais barato ir para Miami do que para o Nordeste. Mas isso quebrou o país. E esse desequilíbrio foi anestesiado pelo ciclo das commodities”, afirmou.
Ciro também foi enfático na defesa da reforma tributária como uma das principais medidas de seu governo, porque a atual carga de impostos do país atrapalha o empresário e “joga mais de 50% das empresas do país na informalidade”. “Não tem produtividade possível e a informalidade é uma fuga do regramento imposto por um estado ineficiente”, criticou ele lembrando que no Brasil existem seis tipos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), enquanto “o resto do mundo tem apenas um”.
O pré-candidato ainda prometeu adotar medidas para que a taxa de investimento do país, atualmente entre 15% e 17% do Produto Interno Bruto (PIB), seja elevada para 22% a 25%, em um primeiro momento, “para começar”. Segundo ele, a crença de que a poupança estrangeira vai socorrer o país é absolutamente falsa e uma ideia de “quem parou de estudar”. “Essa é uma mitologia neoliberal que já foi abandonada e, no Brasil, é defendida por quem parou de estudar”, alfinetou. Ciro também voltou a citar os exemplos do Ceará, de quando foi governador, para o modelo de educação 100% integral que ele defende no programa de governo e reforçou que o atual modelo de ensino “não prepara ninguém para a vida” e ainda cria um “exército de reserva para a violência”. “Investimento em gente pressupõe uma base de 100% de universalização (da Educação)”, reforçou.