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Os emojis de cenoura que escondem mensagens antivacinas nas redes sociais

Grupos do Facebook estão usando o emoji de cenoura para ocultar conteúdo antivacina das ferramentas de moderação automatizadas.

A BBC viu vários grupos, um deles com centenas de milhares de membros, nos quais o emoji aparece no lugar da palavra “vacina”.

Os algoritmos do Facebook tendem a se concentrar em palavras, em vez de imagens.

Os grupos estão sendo usados ​​para compartilhar relatos não confirmados de pessoas que teriam ficado com sequelas ou sido até mortas por vacinas.

Após a BBC entrar em contato com a Meta, empresa dona do Facebook, os grupos foram removidos.

“Removemos este grupo por violar nossas políticas relacionadas à desinformação prejudicial e avaliaremos qualquer outro conteúdo semelhante de acordo com esta política. Continuamos trabalhando em estreita colaboração com especialistas em saúde pública e o governo do Reino Unido para combater ainda mais a desinformação sobre a vacina contra covid”, declarou a empresa em um comunicado.

Mas os grupos reapareceram desde então em nossas buscas.

Um grupo que vimos existe há três anos, mas mudou de nome em agosto de 2022 para se concentrar em histórias sobre vacinas — antes era um grupo para compartilhar “brincadeiras, apostas e vídeos engraçados”.

As regras do grupo maior afirmam: “Use palavras de código para tudo”. E acrescenta: “Nunca use a palavra com ‘c’, a palavra com ‘v’ ou a palavra com ‘r’ (covid, vacina, reforço, respectivamente)”. Foi criado há mais de um ano e tem mais de 250 mil membros.

Marc Owen-Jones, pesquisador de desinformação e professor associado da Universidade Hamad Bin Khalifa, no Catar, foi convidado a participar da observação.

“Eram pessoas dando relatos de parentes que morreram logo após tomarem a vacina contra covid-19”, diz ele.

“Mas em vez de usar as palavras ‘covid-19’ ou ‘vacina’, eles estavam usando emojis de cenoura.”

“Inicialmente, eu fiquei um pouco confuso. Até que a ficha caiu — (os emojis) estavam sendo usados como uma forma de escapar, ou aparentemente de escapar, dos algoritmos de detecção de notícias falsas do Facebook.”

BBC Brasil