BRASIL POLÍTICA

Milícia digital do PT ganha espaço no futuro governo — e estreia muito mal

Na semana que antecedeu o segundo turno das eleições, a coordenação de campanha do PT entrou em estado de alerta máximo. Pesquisas internas mostravam, pela primeira vez em seis meses, que Jair Bolsonaro aparecia à frente na disputa.

No Palácio do Planalto, os levantamentos apontavam para uma dianteira ainda mais expressiva. Faltando dez dias para o pleito, euforia e preocupação trocaram de lado. Lula, como se sabe, venceu por uma diferença de pouco mais de 2 milhões de votos. Quase um mês depois da derrota, assessores do ex-capitão ainda buscam respostas para tentar explicar o que teria ocorrido na reta final. Há muitas opiniões à respeito e um ponto em comum entre elas: a guerrilha travada nas redes sociais foi fundamental para inverter a tendência ascendente de Bolsonaro e decisiva para garantir o resultado a favor do petista.

Esse diagnóstico é consenso entre os dois lados. Para além das urnas, no vale-tudo digital que se viu na campanha, marcada por baixarias, uso de táticas rasteiras de desinformação e disseminação de fake news, Lula levou a melhor.

Um dos assessores mais influentes do governo Bolsonaro contou a VEJA que a exploração de três episódios nos últimos dias da campanha foram letais para as pretensões de Jair Bolsonaro: a fala do ministro Paulo Guedes sobre um suposto congelamento do salário mínimo, a resistência à prisão do ex-deputado Roberto Jefferson e a perseguição da deputada Carla Zambelli a um militante petista.

Esses eventos já provocariam naturalmente fissuras na campanha bolsonarista, sem a necessidade de qualquer tipo de maquiagem. Afinal, não é sempre que se vê uma parlamentar armada correndo atrás de um adversário pelas ruas. Menos ainda, um apoiador famoso disparando tiros de fuzil e granadas contra a polícia antes de ir para a cadeia.

Nas redes sociais, esses fatos foram propagados associando o presidente da República ao descaso com os pobres, à política de armamento da população e à violência desenfreada — tarefa realizada com maestria, embora sem qualquer pudor, pela equipe do deputado André Janones (Avante), que coordenou a área digital da campanha do PT.