União Brasil tem embaralhado o fechamento da escolha final de ministérios do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A situação tem causado apreensão dentro do próprio PT às vésperas dos próximos anúncios de pastas.
Cortejado para compor o governo em busca de apoio no Congresso, o partido —em que está o senador eleito Sergio Moro (União-PR), desafeto de Lula— barganha ficar com pelo menos duas pastas no novo governo. Na sexta (9/12), Lula anunciou os primeiros cinco nomes.
As negociações seguiram neste final de semana, que Lula passou em Brasília pela primeira vez desde que ganhou a eleição, em outubro. O martelo deverá ser batido em reunião da cúpula do futuro governo no final da tarde de domingo (11/12).
Minha parte
As conversas têm sido tratadas desde o final do segundo turno, quando o deputado Luciano Bivar (União-PE), presidente da sigla, passou a acenar que o partido poderia “colaborar” com o então possível governo.
De acordo com parlamentares petistas, o partido tem pedido de dois a três ministérios, sendo um deles mais “robusto”. As indicações ficariam a cargo dos líderes da sigla no Congresso, o deputado Elmar Nascimento (BA) e o senador Davi Alcolumbre (AP), e de Bivar.
As conversas estão sendo conduzidas em especial pela presidente petista, Gleisi Hoffmann, e pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE). Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, também tem participado e recebeu ex-bolsonaristas do União na sede da transição em Brasília nesta semana.
Cartas na mesa
A distribuição de ministérios tem incomodado alguns petistas, que dizem apoiar a lógica de “governo de coalizão” adotada durante a campanha, mas esperam que siga um protagonismo petista, com estimativa de 10 a 12 ministérios (cerca de um terço das pastas).
Internamente, interlocutores de partidos aliados dizem que um dos principais desafios da transição está sendo exatamente realocar todos estes apoios e barganhas -algo que, embora muitos opinem, já está dado que cabe apenas a Lula.
”Tem áreas que nós achamos que são estratégicas e importantes para o partido estar presente. Claro, o núcleo de governo, como Fazenda, Casa Civil, como é o partido do presidente da República acho que isso é até natural. Além de ser do partido tem que ser de muita confiança do presidente, de muita relação com o presidente”, disse Gleisi Hoffmann, em entrevista na quinta (8/12).
Uma troca. O União Brasil tem hoje 59 deputados e 10 senadores (terceira maior bancada nas duas Casas) e se torna um aliado valioso para o governo.
Caso o acordo seja selado hoje, como tem sido costurado, é esperado que o partido já ajude na aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que irá a plenário nesta semana.
Dissidência
Em caso de integrar o governo, é esperado que um grupo do partido siga na oposição do governo, assim como o MDB e o PSD, outros dois partidos de centro e centro-direita que também irão ganhar pastas.
Resultado da fusão do PSL, sigla do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando foi eleito, e do DEM, dois partidos historicamente rivais do PT, é esperado que nomes como Moro e a senadora Soraya Thronicke (MS), entre outros parlamentares conservadores, sigam na oposição.
Cotados
Lula já anunciou cinco futuros ministros na última sexta (9) e deverá anunciar entre 10 e 20 nesta semana —alguns nomes já estão certos, outros decididos nesta reunião e outros a cargo dos partidos.
- Cantora e compositora Margareth Menezes no retorno do Ministério da Cultura
- Senadora Simone Tebet (MDB-MS) no novo Ministério de Desenvolvimento Social
- Deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) de volta ao Ministério do Meio Ambiente
- Senador Carlos Fávaro (PSD-MT) no Ministério da Agricultura
- Senador eleito Renan Filho (MDB-AL) no Ministério de Minas e Energia
Fonte: UOL