BAHIA

‘Era uma vida triste para mim’, diz doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão na BA; relembre caso

“Era uma vida triste para mim”, afirmou Madalena Santiago, de 62 anos, doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão por auditores-fiscais do trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), ao relembrar da época em que trabalhava para uma família em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

A doméstica viveu mais de 50 anos dos seus 60 sem receber salários, além de ser maltratada e roubada pelos patrões. A história dela ganhou repercussão nacional após ser exibida no Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, em abril deste ano.

“Em 50 anos que eu trabalhei lá, nunca recebi salário, nada. Só tristeza ali…”, lamentou.

Depois de ser resgatada, Madalena foi acolhida e, segundo ela, algumas pessoas fizeram uma “vaquinha” para arrecadar dinheiro com o objetivo de ajudá-la.

“Agora tenho minha casinha, onde estou morando, comprei minhas coisinhas, o pessoal me ajudou, fizeram uma vaquinha para mim. Queria conhecer esse pessoal para agradecer”, disse.

“Agora estou feliz, construindo minha vida, na minha casa. Estou fazendo minhas coisas sozinha”, comemorou.

Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência (MPT), Madalena trabalhou por 54 anos sem receber salários, e sendo maltratada pela família para quem trabalhava em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

Atualmente, Madalena da Silva recebe seguro desemprego e um salário mínimo da ação cautelar do Ministério do Trabalho e Previdência (MPT).

Madalena relatou os maus tratos sofridos durante os anos de trabalho.

Ainda durante a entrevista onde contou sua situação, Madalena chorou ao tocar na mão da repórter da TV

Bahia, Adriana Oliveira. Durante a reportagem, a doméstica, emocionada, desabafou com a jornalista.

“Fico com receio de pegar na sua mão branca”, disse Madalena.

Resgatada após trabalho análogo à escravidão na BA se assusta após tocar em mão de repórter — Foto: Reprodução/TV Bahia

A repórter questionou a frase forte dita pela doméstica e estendeu as mãos para ela. “Mas por quê? Tem medo de quê?”.

A doméstica então falou que achava feio quando colocava a mão dela em cima de uma mão branca. “Porque ver a sua mão branca. Eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”, explicou.

Adriana Oliveira abraçou a idosa, a elogiou e ressaltou a importância da igualdade racial e de gênero

“Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”, destacou a jornalista.

Fonte: g1 Bahia