O vice-governador Geraldo Júnior (MDB) foi excluído da lista restrita de pessoas consultadas pelo presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz, antes de ele tomar a decisão final de se filiar ao PSDB, na noite da última sexta-feira (28). O Política Livre apurou que o emedebista, que estava em Brasília alegadamente para o lançamento do São João da Bahia, foi apenas comunicado da definição por meio de um telefonema de Muniz.
Os dois eram tidos como aliados inseparáveis quando o atual vice-governador ocupava a presidência da Câmara. Juntos, eles articularam, em 2022, a antecipação da eleição da Mesa Diretora da Casa, permitindo, no fim das contas, que Carlos Muniz assumisse o comando do Legislativo para o biênio de 2023/2024, depois que Geraldo Jr. se elegeu vice na chapa do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Também juntos romperam com o grupo do ex-prefeito ACM Neto (União) e apoiaram, no pleito do ano passado, a candidatura vitoriosa do petista ao governo do Estado. Desde a posse de Jerônimo, no entanto, os sinais de afastamento político têm sido cada vez mais visíveis, o que se confirmou com a escolha de Muniz pelo PSDB, em um movimento de reaproximação com o prefeito Bruno Reis (União).
O site apurou que desde o início da semana passada o presidente da Câmara de Salvador vinha afunilando as conversas com os tucanos. As negociações tinham o conhecimento de poucas pessoas, a exemplo do presidente do PSDB baiano, o deputado federal Adolfo Viana, e do líder do partido na Câmara, vereador Daniel Alves.
Ao contrário do vice-governador, o vereador Henrique Carballal (PDT) chegou a ser consultado diretamente por Muniz, garantiu uma fonte ao Política Livre. O pedetista é muito próximo do presidente da Câmara e também foi, no passado, de Geraldo Júnior, mas repetiu o mesmo movimento de várias lideranças que se afastaram do vice-governador, reclamando de seu amadorismo e vaidade exagerada.
Diferentemente de Muniz, no entanto, Carballal permanece no grupo de Jerônimo – onde deve ser nomeado para o comando da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Na Câmara, a escolha de Muniz pelo PSDB também foi vista como um duro golpe no projeto político de Geraldo Jr. de ser candidato a prefeito de Salvador com o apoio de Jerônimo. Isso porque entende-se que o emedebista perdeu um aliado de peso, que tem forças suficientes para influir na política municipal e ajudar nas articulações à sucessão municipal.
Agora, é esperado que o presidente da Câmara funcione aprofundando a rede de apoios a Bruno Reis, a depender de como se processarão as articulações junto ao Palácio Tomé de Souza por ocupação de novos espaços pelos tucanos, desde os plumados antigos aos novos.
O PSDB já deixou claro que, como ficou maior, deseja rediscutir a relação com o prefeito (clique aqui para ler), o que passa não só por cargos de maior relevo no Executivo, mas também manter o comando do Legislativo no biênio 2025/2026 com o próprio Muniz, a depender do resultado das urnas. Ou seja, a bola do jogo está nas mãos de Bruno Reis, que já tinha maioria na Câmara, mas agora tem a capacidade de desarticular a força que o vice-governador já teve na Casa.
Política Livre