Não é o Brasil que não cresce. É a inexistência de um planejamento estratégico que não o deixa crescer. O 5º maior país do mundo, porém o maior em km quadrado útil. A 7ª maior população do planeta. A 4ª maior agricultura terrestre, e a única com condições de dobrar de tamanho com sustentabilidade, o maior exportador de alimentos industrializados em volume, mas o 5º em valor agregado, a maior competência do sistema total do agronegócio global no cinturão tropical, mais de 1 milhão de famílias agrícolas cooperativadas, enfim eis aí alguns dados do Brasil relacionados aos atuais 30% do seu PIB.
E que PIB é esse? Na casa de US$ 2 trilhões, dependente da taxa do dólar, o que é apenas cerca de 2% do total do PIB planetário. E cresce? Não. Tem se mantido exclusivamente graças ao aumento nos últimos 20 anos da atividade do agronegócio, com forte ênfase no dentro da porteira.
Enquanto discutimos polarizações ideológicas ultrapassadas e nos engalfinhamos no arcabouço fiscal que não será cumprido, numa Selic de 12,25%, maior do que o dobro dos EUA, o PIB do agronegócio brasileiro, na soma dos fatores industriais, comerciais e de serviços do antes e pós-porteira das fazendas, adicionado ao elo dentro da porteira, representa algo em torno de US$ 500 bilhões. 70% desse agro com condições totais de crescimento a curto prazo se tivéssemos um foco priorizado na industrialização e comércio de insumos, mecanização, digitalização, com biotecnologia e genética vegetal e animal, sem esquecer da nossa irresponsável dependência de mais de 80% da importação de fertilizantes.
Da mesma forma um plano de negócios para desenvolver a agroindustrialização e agregação de valor nos produtos produzidos nos campos e nas águas brasileiras pelos produtores rurais, com metas de vendas, estruturas de logística, acordos bilaterais com todos os países, iríamos também duplicar o movimento econômico agroindustrial, comercial e de serviços do país.
E no centro disso, a agropecuária em si contaria com relações cliente-fornecedor de muito maior parceria, e contratos que preservariam dos maiores riscos a atividade mais frágil do sistema do agronegócio que é exatamente a produção a céu aberto num ambiente tropical, exigente de ciência e tecnologia tropicalizada.
Irrigação, seguro, redes ferroviárias, fluviais, cabotagem, armazenagem, crédito vinculado a expectativas de produtividade e produção, pesquisa genética microbioma a microbioma mitigando efeitos climáticos e sanitários ocorreriam como decorrência natural desse Plano Estratégico do Sistema Agroindustrial Brasileiro e, com ele, a bioeconomia e um biomarketing nos elevaria a dobrar esse sistema de tamanho a curto e médio prazo com impactos diretos nos atuais US$ 2 trilhões de PIB, objetivando o dobro disso. Aí sim arcabouço fiscal, reforma tributária, da previdência e administrativa, e todas seriam exequíveis. Sem crescimento não tem reforma e sem planejamento estratégico não tem crescimento.