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Região onde fugitivos de Mossoró estariam tem alertas de moradores sobre presença de suspeitos

Os moradores da zona rural de Baraúna (RN), cidade com cerca de 26 mil habitantes a 37 quilômetros de Mossoró, vivem dias de tensão. Qualquer movimentação considerada suspeita é motivo para acionar a polícia, que há 18 dias está numa operação incessante para capturar os fugitivos da penitenciária federal.

Alguns se comunicam por WhatsApp e, quando veem alguma movimentação fora do comum, trocam informações e ligam para os números que a polícia disponibilizou. A recompensa para quem der informações que ajudem a prender os fugitivos é de R$ 15 mil por detento.

Os presos que escaparam da penitenciária de Mossoró, a primeira fuga do sistema federal, são Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, ambos são ligados à facção criminosa Comando Vermelho.

Agentes responsáveis pelas buscas dizem acreditar que os fugitivos ainda estejam na zona rural de Baraúna, última cidade do Rio Grande do Norte antes da divisa com o Ceará.

A operação para localizar os detentos mudou a rotina pacata da comunidade rural, onde a todo momento os moradores se deparam com viaturas próximas das suas casas. Os helicópteros se tornaram atrativo para as crianças, que ao ouvirem o barulho saem às ruas para ver os sobrevoos.

Enquanto em algumas residências os moradores ficam na janela ou na porta observando quem passa pelas estradas de terra, em outras as pessoas trancam com cadeados as cercas e deixam janelas e portas fechadas.

“Se aparecer por aqui e eu ver, chamo a polícia imediatamente. Eles [policiais] passam na região quase todos os dias. Aqui a gente fecha a porta e as janelas para ir dormir. Eu também não atendo desconhecido”, diz a agricultora Francisca Gomes da Silva, 66.

As casas da região geralmente são pequenas e simples, com marcas da poeira do chão de terra que liga diferentes pontos da comunidade rural.

A Folha abordou moradores em suas casas, mas alguns se recusaram a atender ou responderam por trás da porta.

“Eu não me preocupo porque tenho fé em Deus, além disso tem muita polícia na região. Mas há vizinhos com muito medo, trancam a porta cedo, cada pessoa pensa de uma forma”, diz o produtor rural José Luis da Silva, 42.

A região é cheia de propriedades rurais com produção de fruticultura irrigada, como melão, melancia, banana, mamão e cebola. Policiais dizem que isso tem ajudado os detentos a se alimentar.