O Papa Francisco pediu a bispos italianos, durante uma reunião a portas fechadas na semana passada, que não aceitem seminaristas gays, segundo publicou o jornal italiano La Repubblica.
O encontro com os bispos italianos durou cerca de 1h30 durante a Conferência Episcopal Italiana (CEI), na Sala do Sinódo. De acordo com a imprensa italiana, a fala do Papa foi confirmada por diferentes fontes que estavam presentes no encontro. Segundo a Ansa, uma instrução do Dicastério para o Clero do Vaticano em 2005, feita sob Bento XVI, estabeleceu que “a Igreja, embora respeite profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, têm tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”. Em 2016, a instrução foi reafirmada pelo Papa Francisco.
Segundo o La Repubblica, questionado na reunião da semana passada pelos bispos sobre o tema, o pontífice teria dito que era necessário colocar limites para evitar “que haja existe o risco de alguém que é gay escolher o sacerdócio e acabar por levar uma vida dupla”. A declaração sobre o “excesso de bichas” teria sido feita, então, em seguida.
Vaticano autorizou bênçãos a casais do mesmo sexo
Em dezembro do ano passado, o Vaticano autorizou a bênção para casais do mesmo sexo e de casais “em situações irregulares” para a Igreja Católica, afirmando que “as pessoas que procuram o amor e a misericórdia de Deus” não devem ser sujeitas a “uma análise moral exaustiva”. A medida muda o entendimento da bênção ao afirmar que os casais homoafetivos poderão adquiri-la, mas não modifica a doutrina do casamento ao afirmar que ela só poderá ser dada fora dos cultos religiosos — mantendo a firme oposição a uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Existe “a possibilidade de bênçãos de casais em situações irregulares e de casais do mesmo sexo, cujo formato não deverá encontrar qualquer fixação ritual por parte das autoridades eclesiásticas para não causar confusão com a bênção do sacramento do matrimônio”, afirma o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa Francisco.
Ao apresentar o texto, o cardeal Víctor Manuel Fernández disse que, mantendo a “visão pastoral do Papa” de “ampliar” o apelo da Igreja Católica, as novas recomendações permitiriam abençoar relações ainda consideradas pecaminosas. Na Igreja Católica, uma bênção é uma oração ou um apelo, solicitando a Deus que olhe favoravelmente para uma pessoa ou pessoas sendo abençoadas.
Em outubro, o Papa Francisco enviou uma carta a dois cardeais conservadores em que sugeriu que tais bênçãos poderiam ser oferecidas em algumas circunstâncias, desde que não fossem confundidas com o ritual do matrimônio, visto como um sacramento vitalício entre um homem e uma mulher.