Cem Anos de Solidão, obra-prima de Gabriel García Márquez, conta a história da família Buendía em Macondo, uma cidade condenada a repetir os mesmos erros geração após geração. A obra retrata o isolamento, o esquecimento e a ilusão de progresso, onde o tempo gira em círculos e as promessas de mudança nunca se concretizam.
Você consegue ver alguma semelhança com os primeiros 100 dias da gestão do prefeito Andrei da Caixa, que se apresentou como o político da renovação, e que na prática se revelou apenas uma repetição das práticas que ele próprio condenava. Prometeu romper com a “política velha”, mas empregou aliados desqualificados com salários altos e manteve os privilégios das velhas e conhecidas raposas da política local e estadual, alegou crise financeira para não realizar o carnaval, mas gastou mais de R$ 60 mil por mês com aluguel de dois andares de um prédio desnecessário para a nova sede da prefeitura.
Assinou contratos milionários, como o do aluguel de veículos no valor de R$ 3 milhões por mês, e ampliou secretarias sem justificativa clara — um inchaço administrativo que contraria o discurso de austeridade.
Andrei, que ganhou fama como “prefeito TikTok” por priorizar a autopromoção nas redes sociais, demonstra uma gestão baseada em aparência, não em ação. Também chamado de “prefeito tamanho P”, por pensar pequeno e celebrar pequenas obras como se fossem marcos históricos, trata Juazeiro com a mesma miopia com que os Buendía tratavam Macondo — como se o mundo terminasse ali, sem enxergar o verdadeiro potencial da cidade.
Assim como Macondo foi consumida pela solidão e pela repetição, Juazeiro corre o risco de se perder na ilusão de mudança que nunca chega, caso continue governada com superficialidade, beneficiamento financeiro de uns poucos e sem visão de futuro.
Carlos de Almeida Conceição