Em meio ao impasse público com o PSD desde que que o senador Jaques Wagner (PT) e o ministro Rui Costa (PT) sentenciaram uma chapa puro sangue, excluindo o senador Angelo Coronel do direito à reeleição, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) adotou um tom mais moderado ao se referir ao senador pessedista na quarta-feira (18). Ele disse, a propósito, que a relação tem sido mediada pelos filhos de Coronel.
“Não está fechado não, de forma nenhuma, Coronel é senador nosso, coordenei a campanha dentro de Coronel. É um senador que pela importância trabalhou com o orçamento, liderou a construção desse orçamento [do governo federal]. Tenho tido uma relação muito boa através, inclusive, dos deputados Angelo Coronel Filho e Diego Coronel, não há nada de afastamento”, disse Jerônimo.
Na última terça-feira (17), quando participou da festa junina na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Coronel disse à imprensa, por sua vez, que não descarta nenhuma possibilidade, dentre as quais a migração para o grupo de ACM Neto (União Brasil) ou até o lançamento de uma candidatura solo, se realmente for rifado da chapa majoritária como se desenha.
Em maio deste ano, Coronel chegou a dizer que “não vou forçar para continuar onde não me querem”, e antes disso chegou a comparar o PT ao nazismo.
“Antigamente, os alemães, os nazistas, Hitler queria sempre manter uma raça pura. Sem nenhuma conotação ao extremo passado, mas inadmissível o PT, de quatro (vagas na chapa majoritária), ele querer três”, disse Coronel durante entrevista à rádio 95 FM, de Jequié.
Diferente de outros momentos, como na disputa pela presidência da Assembleia – quando deu indiretas a Coronel, Jerônimo foi mais polido nesta quarta e assegurou que a unidade do grupo será preservada no próximo ciclo eleitoral.
“O grupo está unido, nós vamos ter a paciência, o grupo não vai ser desarticulado, não vai ser dividido. Vamos construir um ambiente favorável para que a gente possa ajudar o presidente Lula a ser eleito, ajudar a aumentar a bancada de federais e de estaduais e garantir os dois senadores eleitos. Vamos trabalhar para isso”, disse o governador, que vai aproveitar o São João para fazer política com o cacique do PSD na Bahia.
“Vou fazer um percurso e terei a graciosa e honrosa presença do senador Otto Alencar, me parece que em Ipirá”.
A celeuma local do PSD com o PT na Bahia ganha oxigênio adicional com a direção nacional da legenda fazendo um explícito movimento em direção ao campo de oposição ao presidente Lula. Um dos recados, para além da articulação do presidente Gilberto Kassab pela candidatura de Tarcísio de Freitas, veio do Congresso Nacional, com a votação unânime do PSD a favor do regime de urgência para derrubar o decreto presidencial que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“A política tem o tempo da política, a imprensa tem o tempo da imprensa, de se antecipar, de querer saber qual é o percurso, é natural isso. Eu estou firme que a gente vai construir um ambiente unido para 26”, contornou Jerônimo.
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