Era 1984 quando, em um único pavilhão, cinco produtos – cebola, melão, abóbora, melancia e uva – começavam a circular num entreposto modesto, à sombra do sol do Vale do São Francisco. Quarenta e um anos depois, o mesmo mercado virou um mundo à parte: 23 pavilhões, centenas de permissionários, toneladas de frutas e milhares de caminhões trafegam diariamente pelo espaço, numa coreografia frenética. Assim é parte da longa história da Central de Abastecimento (Ceasa) de Juazeiro, no norte da Bahia.
Mais conhecido como “Mercado do Produtor”, o centro é o terceiro maior do País em volume de comercialização, ficando atrás apenas dos entrepostos das capitais São Paulo e Belo Horizonte. “A Ceasa de Juazeiro é hoje um motor econômico da região e referência nacional em abastecimento e logística de hortifrutigranjeiros”, destaca Celso Leal, diretor-presidente da Autarquia Municipal de Abastecimento/AMA. A instância, ligada à Prefeitura, é quem administra o espaço.
O estabelecimento completa 41 anos neste mês de julho. Ao longo das décadas, o que era um centro regional virou um polo para a comercialização nacional de mais de 150 tipos de produtos hortifrutigranjeiros, além de temperos, embalagens e itens sazonais.
Para celebrar essa história, nesta segunda-feira, 28, a AMA promoveu um evento simbólico e festivo voltado aos permissionários, caminhoneiros, carrinheiros e toda a comunidade que circula na região. A ação contou com café da manhã servido aos permissionários, carrinheiros e caminhoneiros, bolo e distribuição de cestas básicas.
Mercado do Produtor em números e histórias
De fato, há muito o que comemorar. Ao todo, estima-se que o local receba cerca de 20 mil pessoas por dia, entre trabalhadores, compradores, transportadores e visitantes. O entreposto conta ainda com 1.497 permissionários cadastrados e cerca de 800 ambulantes, que juntos garantem o dinamismo e a diversidade do comércio no espaço. Hoje, o espaço é um elo para a cadeia de abastecimento do país, conectando Juazeiro a grandes centros urbanos de todas as regiões brasileiras.
Todos os dias, entre 300 e 320 caminhões cruzam os 8,6 hectares do mercado, levando e trazendo produtos para cidades como Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, São Paulo e até Porto Alegre. Em 2024, passaram pelo local mais de 1,5 bilhão de quilos de alimentos, gerando um valor total de movimentação superior a R$ 6,3 bilhões.
Na Ceasa de Juazeiro, o ritmo é intenso, começando nas primeiras horas da madrugada e só diminuindo ao final da tarde, quando os últimos caminhões deixam o pátio carregados de frutas, verduras e esperanças. Ele é a fonte de renda de pessoas como Francisco Chagas, conhecido como ‘Chico Ceará’. Vindo do território cearense, há 37 anos vende frutas diversas, como manga, uva e mais, no mercado da cidade.
“Comecei trabalhando com melão. Naquela época, o mercado era só um galpãozinho pequeno. De lá pra cá, mudou muita coisa, cresceu bastante”, relata. No meio do vai-e-vem incessante, Chico é testemunha e protagonista de uma transformação que escapa dos holofotes.
“Tenho muito orgulho dessa trajetória. Me considero um cidadão juazeirense, com muito orgulho, porque essa cidade é muito acolhedora.E o mercado também tem esse papel. É um espaço promissor, que nos proporciona trabalho digno”, destaca.
“A gente está falando de uma estrutura que movimenta a economia, sustenta famílias e coloca Juazeiro no mapa da fruticultura nacional. É um patrimônio da cidade”, aponta Celso.
Texto: Layla Shasta – Ascom PMJ