Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que Lula (PT) deu a ele “a missão de ajudar a colocar o governo na rua”.
O presidente anunciou nesta segunda (20) que o deputado federal será o novo Secretário Geral do Governo. Ele terá um gabinete no Palácio do Planalto.
“Vou viajar para todos os estados, vou rodar o país e conversar com os movimentos sociais, com o povo”, afirma Boulos.
“Vou a cada lugar do Brasil com a missão de dialogar e de levar as realizações do governo para todos os cantos, e também com a missão de aproximar o governo daqueles que ainda estão distantes”, afirma.
“Lula me chamou para trabalhar pelas demandas populares, e é isso o que eu vou fazer”, segue.
O presidente sacramentou a decisão nesta segunda (20), depois de se reunir com ele no Palácio do Planalto, e fez o anúncio em seguida.
Da reunião participou também Márcio Macêdo, que ocupava até então o cargo e já tinha sido avisado, na sexta-feira (17) que seria exonerado, em reunião da qual participou também a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Em nota, a Presidência da República afirmou que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o deputado federal Guilherme Boulos nesta segunda-feira (20) e o convidou para ocupar o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Boulos irá substituir o ministro Márcio Macêdo na função. Márcio, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e os ministro Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) participaram do encontro com o presidente. A nomeação de Boulos sairá publicada no Diário Oficial de amanhã”.
Nas conversas que teve com Lula, o deputado federal combinou que não será candidato à reeleição no próximo ano, dedicando-se integralmente ao governo. Ele deve percorrer o país para dialogar com movimentos sociais.
Lula já vinha se queixando de Macêdo desde o ano passado, mas tinha dificuldade de demiti-lo já que ambos são amigos pessoais.
Macedo, que resistiu a sair do governo, vai ser candidato a deputado federal por Sergipe no próximo ano.
O jornal Folha de S.Paulo revelou, em setembro, que Lula informou a seus auxiliares que anunciaria Boulos no lugar de Macêdo. Há alguns meses o presidente perguntou ao deputado se ele abriria mão de concorrer à Câmara para integrar o governo até o fim de 2026. O deputado respondeu que sim, acrescentando que sua prioridade é a reeleição do petista.
Guilherme Boulos, 43, surgiu no debate público como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), grupo que reivindica moradias em áreas urbanas, no qual militou durante mais de 20 anos. Foi coordenador nacional do grupo e atualmente está afastado da função.
Ele se aproximou de Lula ao longo dos anos e ganhou a confiança do petista especialmente ao mobilizar manifestantes para protestar contra a sua prisão, em 2018.
No ano passado, tentou pela segunda vez ser eleito prefeito de São Paulo. Deputado federal em primeiro mandato, o representante do PSOL buscava um resultado diferente do de 2020, quando chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Bruno Covas (PSDB).
A candidatura de Boulos em 2024 começou a ser preparada ainda em 2020, quando ele alcançou 40,6% dos votos válidos contra o então candidato à reeleição, Bruno Covas, no que foi interpretado à época como uma vitória política para ele, o PSOL e a esquerda como um todo, apesar da derrota objetiva.
Visto desde então como pré-candidato, ele confirmou a intenção ao aceitar um acordo com Lula em 2022 pelo qual abria mão de concorrer ao Governo de São Paulo para favorecer a unidade em torno do nome de Fernando Haddad, em troca do apoio do partido à candidatura a prefeito dois anos mais tarde.
O membro do PSOL acabou concorrendo à Câmara dos Deputados e, com mais de 1 milhão de votos, foi o deputado federal mais votado no estado de São Paulo. Ele passou a usar o epíteto de “deputado de esquerda mais votado da história do Brasil” e usou o mandato para ganhar experiência na política institucional e tentar demonstrar que dialoga com adversários e adere a negociações.



