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Ao pedir desculpas, Sérgio Moro pode estar atestando a autenticidade das mensagens

A Folha de S. Paulo publicou neste sábado, 23, a primeira reportagem sobre a #VazaJato feita em parceria com o The Intercept Brasil. No diálogo divulgado pelo jornal, o então juiz Sergio Moro teria perguntado se o procurador-chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol,  teria o contato dos membros do Movimento Brasil Livre, aos quais ele se referiria como “tontos”.

“Nao.sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro. Isso nao ajuda evidentemente.”

Em março de 2016, Moro foi repreendido pelo STF pela divulgação dos áudios da conversa telefônica entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff. Como forma de protesto, membros do MBL foram para a portaria do prédio do ministro Teori Zavascki chamá-lo de “pelego do PT” e “traidor” – Zavascki parecia ser um incômodo para a Lava Jato.

Após a divulgação do diálogo, o deputado federal Kim Kataguiri se manifestou no Twitter, dizendo que se tratava de uma tentativa de “jogar MBL contra Moro”. Algumas horas depois, o deputado estadual Arthur do Val divulgou, em seu canal no YouTube, um áudio no qual o ministro Sergio Moro se desculpa com o MBL.

Moro afirma que o “protesto era um tanto quanto inconveniente” e que “a realização daquele protesto poderia gerar uma animosidade [com o STF] ”. Acrescenta ainda: “consta ali [nos diálogos divulgados] um termo, que eu não sei se usei ou não, pode ter sido adulterado, mas queria dizer assim, queria pedir as minhas escusas se eu eventualmente utilizei, sempre respeitei o Movimento Brasil Livre”.

Mas por que o ministro Sergio Moro pediria “escusas” por uma conversa que ele mesmo não sabe se ocorreu ou se foi adulterada? Se foi necessário se retratar, é porque o ministro reconhece a possibilidade das mensagens serem verdadeiras. Já o MBL, que protestava em favor do vazamento dos diálogos entre Lula e Dilma, hoje diz que a #VazaJato é um “ataque desesperado” de uma “esquerda radical criminosa e moribunda”.

Embora, o MBL insista que existe uma diferença, visto que a gravação da conversa entre Lula e Dilma foi autorizada judicialmente, é importante lembrar que ela ocorreu algumas horas depois do prazo permitido, ou seja, não pode ser considerada legal. É interessante analisar como o posicionamento ético diante de vazamentos é flutuante, os mesmos só podem ser considerados “criminosos” se vierem do outro lado.

Fonte: Revista Fórum

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