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Juazeiro: Por que temos 52 notificações de H1N1, com dois óbitos?

Em 2009, na pandemia de H1N1, o primeiro caso foi registrado em 7 de maio. 24 dias depois, em 31 de maio, eram 16 casos confirmados. A OMS declarou pandemia global em 11 junho. A primeira morte no país só foi registrada em 28 de junho, e a vítima havia contraído a doença na Argentina.

O surto de H1N1 só foi considerado encerrado pela OMS em agosto de 2010, mais de um ano depois de seu início. De maio de 2009 a dezembro de 2010, foram 59.867 casos registrados e 2.173 mortes no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde.

Em Juazeiro durante o período de 2009 até 2020, foram registrados diversos casos de H1N1, com alguns óbitos.

Não é surpresa que os casos de H1N1 tem aumentado significativamente na atualidade com o surgimento do coronavírus. Levantamento feito entres os dias 19/03 a 29/03, constatou-se que houve um aumento de 20 casos notificados, uma média de 2 casos por dia, com dois óbitos confirmados.

A primeira causa para o aumento dos casos de H1N1 e dos óbitos, foi fechamento gradativo dos hospitais particulares em Juazeiro. De 2009 a 2019 foram fechadas praticamente todas as unidades de saúde da rede privada, restando apenas o Sanatório e a Promatre, que vivem com dificuldades de repasses pelo o governo municipal.

A segunda causa, é o sucateamento da rede de saúde pública. Juazeiro vive os seus priores momentos do sistema de saúde. A UPA que a porta de emergências e urgências funciona precariamente, sem as mínimas condições. Inclusive os profissionais que trabalham na UPA estão adoecendo ou pedindo para sair. A maternidade é outro grande exemplo de descaso.

Com a rede de saúde precária, os pacientes com os sintomas do H1N1 somente são atendidos quando a situação está agrave ou quando não tem mais como tratar em casa. O que é um grande risco de contágio para toda família.

A terceira causa, é o péssimo funcionamento dos PSFs. A melhor forma de prevenção e cuidados iniciais para quaisquer enfermidades, em Juazeiro está praticamente sucateado. Sem médicos e outros profissionais, muitos Postos funcionam somente para casos rotineiros e com limitação de atendimentos.

A quarta causa, são as campanhas de vacinação, geralmente quando não se tem vacinas suficientes, elas não atingem a meta de vacinação para o público-alvo. Duas coisas podem ocorrer: falta de planejamento ou má fé.

Planejamento é uma palavra que não existe em Juazeiro nesses últimos 12 anos. O próprio Tribunal de Contas aponta isso nos vários pareceres reprovando ou aprovando com ressalvas as contas dos gestores. É muito primário, se temos um público-alvo a atingir, precisamos mobilizar e solicitar recursos que sejam suficientes para isso, inclusive lotes de vacinas. Juazeiro tem cerca de 16 mil idosos (pessoas com faixa etária acima de 60 anos acima), mas nunca temos vacinas suficientes.

Má-fé, uma palavra que nos últimos 12 anos está em evidência em Juazeiro.

As mortes causadas por H1N1 devem ser tratadas como um fracasso do poder público. Os responsáveis pela saúde em Juazeiro estão demonstrando ineficiência no combate dessa epidemia, assim como acontece na luta contra o mosquito Aedes aegypti, responsável por centenas de óbitos, vítimas da dengue e da chikungunya.

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