Ao comentar as declarações dadas por integrantes do PSB no pós-eleições municipais de 2020, em entrevista à Rádio Folha, na manhã desta quarta-feira (19), o ex-presidente Lula afirmou que o embate entre a candidata petista Marília Arraes e o candidato do PSB, João Campos, vitorioso no pleito, podem ser superados.
“Veja, o fato do PT ter lançado a Marília na disputa contra o João Campos não demonstra que o PT e o PSB tenha que estar rompido por causa de uma disputa eleitoral. O País tem quase 6 mil minicípios. Nós fomos aliados em muitos municípios. Não é por causa de divergência em um ou outro município que o PT e o PSB vão ficar de biquinho um com o outro. Nós temos que ser maduros e entender em função de cada circunstância, entender em função de cada realidade, a gente se juntar ou a gente separar. É assim que eu vejo a política”, afirmou o líder petista.
“É por isso que eu não guardo rancor, se eu fosse fazer política com rancor das pessoas que em determinado momento fala mal de mim, você termina não falando com ninguém”, disse Lula.
“Um partido quando ele erra, ele paga o seu preço. E quando ele acerta, ele ganha. E entre erros e acertos, o PT tem acertado muito mais”, disse o presidente quando começou a falar sobre as críticas que o PT sofreu de líderes de outros partidos no pós-eleições 20202.
“Da minha parte, eu nunca vou dizer que um partido não é bom porque quer ter candidato em todas as Cidades. Porque quer ter candidato nos Estados, essa é uma decisão do partido”, continuou.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o entrevistado na Rádio Folha 96,7 FM nesta quarta-feira (19). A entrevista foi conduzida pela colunista de Política da Folha de Pernambuco, Renata Bezerra de Melo, e pelo radialista Jota Batista e contou com a participação de radialistas do interior do Estado.
Frente Progressista
Recentemente, as movimentações para a composição da chapa liderada pelo petista começaram a ganhar força. Uma das principais especulações foi a do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), compor a chapa presidencial ao lado do líder do PT. Sobre o relacionamento com o governador Paulo Câmara (PSB), o ex-presidente afirmou que mantém um diálogo “muito civilizado”. “Eu já tive uma conversa e a hora que precisar conversar eu terei quantas conversas forem necessárias com o Paulo Câmara e com a pessoa do PSB”.
Lula também lembrou que em outras ocasiões, o PT e o PSB discordaram e já estiveram nacionalmente em palanques distintos. “O PSB já lançou candidato contra mim duas vezes. E não tem problema, eu não perdi nenhuma amizade com o PSB, nenhuma amizade. Em 2002 o PSB lançou o Garotinho, sabe e eu trabalhei com muita tranquilidade para convidar o Garotinho para trabalhar comigo e foi uma coisa extremamente importante. Sabe, então eu vou continuar trabalhando isso”.
“Eu vou continuar trabalhando sobre a possibilidade de se construir uma aliança com os partidos progressistas para enfrentar o Bolsonaro e reconquistar a democracia no nosso País. Eu vou continuar tentando fazer isso. Se não for possível, construir e cada partido entender que deva ter seu candidato, é um direito. Eu jamais vou pedir para um partido não ter candidatura própria. Porque eu sofri muita pressão para não ser candidato em 89, 94, 98 e foi a minha teimosia que permitiu chegar onde eu cheguei. Agora, cada partido tem que avaliar com tranquilidade as condições, onde é bom, onde não é bom. Onde ganha e perde e a gente não perder a relação de amizade por isso”, disse Lula ao comentar sobre a construção de uma Frente Progressista para enfrentar o presidente Bolsonaro em 22.
Fonte: Blog da Folha