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São João acende alerta para acidentes que causam queimaduras

Fogos de artifício e fogueiras são elementos típicos da época de São João. E com a chegada da festividade, os casos de queimaduras se tornam mais frequentes, o que acende um alerta aos cuidados para evitar acidentes. De acordo com o chefe do Centro de Queimados do Hospital da Restauração, Marcos Barreto, em 2022, foram realizados 29 atendimentos durante a época junina, dos quais 14 pessoas ficaram internadas na unidade de saúde localizada no bairro do Derby, área central do Recife.

Já no ano de 2021, foram 22 atendimentos durante o São João, dos quais 6 pessoas ficaram internadas. Na semana antes da festividade, dos 40 leitos disponíveis no setor de queimados do HR, 28 estavam ocupados.

Para prevenir acidentes que podem acarretar queimaduras, uma série de cuidados são necessários, como ler as instruções na caixa dos fogos de artifício, deixar os artefatos longe do alcance de crianças, e acender a fogueira de forma correta. Além disso, evitar pular fogueiras e pisar nas brasas, mesmo com calçados, são recomendações importantes para a época.

“As pessoas tem mania de começar a utilizar fogos de artifício sem ler pelo menos as instruções que estão nas caixas. Já houve acidente de pessoas que pegaram a pistola e acenderam e estava de cabeça pra baixo. E o tiro ao invés de sair para cima caiu de volta. Então tem artefatos que a pessoa não pode estar utilizando segurando ele. Tem que botar no chão, fixar, acender e sair de perto”, disse o médico Marcos Barreto.

Ele acende um alerta para a importância de construir corretamente as fogueiras, que devem ter, no máximo, um metro de altura, para quando desmoronarem, evitar o espalhamento das brasas no entorno. Assim, evita que crianças pisem nas brasas e sofram lesões graves de terceiro grau na sola dos pés.

“As crianças vêm para o hospital, ficam internadas, não conseguem andar. Quando aquilo cicatriza dá retração. Com essas retrações a criança tem perigo de crescimento, os dedinhos começam a se retrair e ele fica com dificuldade de calçar o sapato. Então é uma dificuldade”, afirmou o médico.

Após ser construída, a fogueira deve ser acesa de forma correta. “Pega uma panelinha, coloca o combustível dentro com uma estopa, põe no centro da fogueira e acende. Com isso, vai fazer com que a chama dê o ponto de ignição da madeira, forme as brasas e resolva o problema. O que não se deve é pegar os quatro combustíveis principais: álcool, gasolina, querosene e tíner, jogar na fogueira e ficar realimento com esses combustíveis. É nesse momento que acontece o problema, explode e na hora que explode pega as pessoas que estão ao entorno”, explicou Barreto.

Caso os acidentes aconteçam, alguns cuidados são necessários. No caso de queimaduras pequenas, segundo o médico, o indicado é colocar água corrente no local por bastante tempo. Após isso, a pessoa deve envolver o machucado em um pano limpo e úmido e se encaminhar a uma unidade de atendimento.

“Se for uma lesão por explosão que você tenha sangramento, perda parcial da mão, é comprimir o local para parar o sangramento e transferir imediatamente à unidade de atendimento terciária, que pode ter ortopedista, cirurgião vascular, cirurgião geral e assim por diante. Se for queda dentro da fogueira, como acontece sempre, as pessoas precisam vir imediatamente para um hospital de grande porte, porque a queimadura geralmente é extensa, são queimaduras de terceiro grau. Precisam ser internados, hidratar e fazer uma sequência de tratamento que dura muito tempo”, acrescentou.

Segundo o especialista, o paciente não deve menosprezar a queimadura e não é indicado colocar “manteiga, margarina, clara de ovos, e pasta de dente” na lesão.

“Coloca isso tudo e quando chega no hospital para retirar dói muito e não consegue. Então você já propiciou no local uma condição ideal para uma reação inflamatória, ou um processo infeccioso. Não põe nada. Passa água corrente bastante tempo e vai para uma unidade de atendimento”, alertou.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimadura, em um ano, cerca de um milhão de pessoas são acometidas por queimaduras acidentais. Entre esses casos, apenas 10% procuram atendimento médico. Ao todo, 70% dos acidentes acontecem dentro de ambientes internos e domiciliares.

A médica e facilitadora do Centro de Simulação da FPS (CSim), Danielle Teti, explica que a população mais acometida são os homens jovens, de 19 até 59 anos. No entanto, o risco maior é para crianças e idosos.

Com a chegada das festas juninas, o número de queimaduras cresce. Segundo a médica, 95% das queimaduras no mundo acontecem em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, ou seja, apenas 5% em países desenvolvidos. “Isso reforça o hábito de investir em prevenção e orientação da população. Uma sociedade com mais informação vai ser menos atingida”, completou.