O jornalismo é uma atividade de extrema importância social pela responsabilidade de sua atuação perante à sociedade em que está inserido. Ainda assim, é fundamental grifarmos que é uma das atividades que mais vive constantes transformações em seu modo de atuação.
Nesse cenário de importância do jornalismo sério para a construção da democracia e de uma sociedade consciente do seu papel, não é possível conceber que um jornal centenário com tradição jornalismo do Brasil, se transforme num militante político, com atitudes panfletárias, sendo categoricamente ou descaradamente parcial.
A Bahia tem 417 municípios desses, Juazeiro é o quinto em população e economia. Sendo estrategicamente importante para os partidos políticos. Por isso, é óbvio que qualquer jornal tenha interesses em noticiar fatos relevantes que acontecem no município.
Mas como se explicar que em menos de cinco dias, o Jornal Atarde (ligado ao governo do estado) tenha pautado mais de cinco notícias de Juazeiro ou da prefeita Suzana Ramos (PSDB)? E todas com demérito a imagem da prefeita.
No dia 16 de maio, o jornal publicou uma matéria com o seguinte titulo: “Acúmulo de cargos de servidores marca fim de gestão de Suzana Ramos”. Um jornalismo sério mudaria o título, porque o texto o contradiz. Foi uma investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) quando cruza informações de servidores, não foi acumulação de cargos provocado pela prefeita, mas da possível má-fé de servidores. Que segundo o texto, os mesmos responderão a Processo Administrativo Disciplinar. O que pode lhes causar a demissão do serviço público.
No mesmo dia, publicou outra matéria com o título: “Prefeita de Juazeiro ataca eleitores: “Mente do povo precisa melhorar”. É de doer o texto. Sofrível. Nem um blogzeco de fundo de “batalhão”, seria capaz produzir um texto tão ruim, cujo o objetivo não era informar. O escopo principal da matéria era criar um fato político com o título.
Obcecada por Juazeiro, ainda no dia 16, a redação soltou matéria com o titulo: “Justiça interdita hospital psiquiátrico em Juazeiro: ‘Maus-tratos'”. Como não tinha como relacionar com a prefeitura ou com a prefeita, o conteúdo da matéria focou na verdade dos fatos e cumpriu o objetivo principal que é informar.
No dia 20 novamente Juazeiro ocupa lugar de destaque no portal: “Esgoto invade casas e revolta moradores de localidade em Juazeiro”. Novamente a criação de um título sensacionalista, mas sem conteúdo relevante. A matéria era muito ruim, que o jornalista teve que colocar um dado da OMS para o texto não ficar tão chinfrim.
Nesta terça-feira (21) novamente o jornal Atarde publica notícia sobre Juazeiro. “Juazeiro é a cidade mais endividada da Bahia”. Novamente o mais importante da matéria é o titulo sensacionalista, digno de um tablóide britânico. O conteúdo não explica nada com nada, apenas expõe uma realidade financeira que perpassa gestão a gestão, e ninguém consegue sanar.
Um jornalista sério iria pesquisar que desde 2004, o município tem passado bloqueios nas contas, em razão de um empréstimo do saneamento básico tomado na gestão do ex-prefeito Joseph Bandeira. E que não é mais possível pagar o valor, porque comprometeria as finanças e investimentos em diversas áreas essenciais para a população.
Nada que ruim que não possa ficar pior. O jornal publicou no dia 15, “Éden garante candidatura de Isaac: “Será prefeito de Juazeiro”. Esse é de fato o compromisso ético do jornal, eleger Isaac Carvalho?



