O presidente Lula (PT) criticou duramente nesta sexta-feira (6) a área de comunicação do seu governo e prometeu mudanças.
“Há um erro do governo na questão da comunicação e sou obrigado a fazer as correções necessárias”, afirmou.
Lula participou de maneira virtual da sessão de encerramento do seminário “A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores”, organizado pelo partido em Brasília.
Lula chegou a criticar ele próprio, por não estar conversando mais com veículos de imprensa. E também apontou falhas na área de comunicação digital do governo.
“Eu quero dizer para vocês que há um erro um equívoco meu na comunicação. O [secretário de Audiovisual, Ricardo] Stuckert costuma dizer ‘presidente, o senhor é o maior comunicador do nosso partido, o senhor tem que falar mais’. E a verdade é que eu não tenho organizado as entrevistas coletivas, elas não têm sido organizadas”, afirmou.
O presidente então acrescentou que é necessário começar a fazer “as coisas do jeito que precisa ser feito”, porque não serão os adversários do governo que vão falar bem da gestão.
A área de comunicação vem sendo objeto de críticas de aliados desde o primeiro ano do governo Lula 3. Há questionamentos ao fato de a gestão ter começado a lançar iniciativas e programas que deveriam ter um grande impacto, em particular nos níveis de aprovação de Lula, mas que não tiveram os resultados almejados.
A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) é chefiada por Paulo Pimenta, um quadro próximo ao presidente Lula e que conta com a simpatia da primeira-dama Janja.
A questão dos problemas de comunicação foi uma das tônicas do evento organizado pelo Partidos dos Trabalhadores. A tendência CNB (Construindo Um Novo Brasil), majoritária dentro do PT, vai encaminhar uma proposta de nota para a reunião do diretório nacional, neste sábado (7), pedindo que Lula e ministros façam mais pronunciamentos em cadeia de rádio e televisão.
Durante a cerimônia de abertura do seminário, na noite de quinta-feira (5), diversos palestrantes criticaram a comunicação do PT e do governo. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, disse que é necessário discutir a questão.
“Se a gente fala bastante, mas não convenço vocês, então nosso trabalho foi jogado fora. Mas se a gente discute, ouve e debate e usa todas as ferramentas para convencer o cidadão dos nossos projetos e coloca essas pessoas em movimento, então estamos fazendo política”, afirmou.
Na mesma linha, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse ser necessário uma disputa de narrativa em diversos meios, tanto os mais tradicionais como nas redes sociais.
“A gente [precisa] fazer disputa da narrativa ocupando cada rádio desse país, cada blog, cada conta de Instagram, Facebook, TikTok, seja o que for […] porque o que eles estão fazendo é antecipar as eleições de 2026, trazendo para o presente uma tentativa de desestabilizar o governo.”
Além disso, uma das mesas de discussão do seminário tratava dos “desafios da comunicação”.
Renato Machado/Folhapress