BRASIL POLÍTICA

O pessimismo dominou o país, e reverter esse sentimento é o desafio de Lula

Amigos, nesta semana, assisti a uma análise do comentarista da GloboNews, Octavio Guedes, que me chamou a atenção. Ele observou que a imagem pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), construída ao longo de cinco décadas, vem sendo desconstruída pela oposição. O petista, que por anos foi visto como o “pai dos pobres” e sucessor político de Getúlio Vargas, já não carrega mais essa aura para grande parte da população. Para Guedes, a percepção de que Lula é um político sensível à questão da pobreza se enfraqueceu.

Outro ponto abordado pelo comentarista é que a imagem de Lula como um político íntegro já havia sido abalada pelo Mensalão e pela Operação Lava Jato. Agora, o desgaste de sua figura atinge um novo patamar, impulsionado por um cenário econômico desfavorável. A oposição percebeu essa fragilidade e ajustou sua estratégia: se antes os ataques ao governo se concentravam em pautas ideológicas, agora a principal arma é a economia.

Uma reportagem de O Globo desta semana revela essa mudança. Dados da consultoria Palver mostram que, nas redes sociais – como WhatsApp, Telegram, X e TikTok -, o debate econômico superou as pautas de costume nos últimos 90 dias. No TikTok, por exemplo, houve 1.337 referências à economia para cada 100 mil posts, contra 657 menções a temas culturais e ideológicos.

A estratégia da oposição encontra respaldo na insatisfação popular. Goste-se ou não, o deputado federal Nikolas Ferreira se tornou o maior expoente desse discurso econômico crítico. E o governo Lula, com seus erros nessa área, acabou criando o ambiente perfeito para que essas críticas ganhassem força. Recentemente, opositores na Bahia me contaram que, antes, criticar Lula no interior do estado era quase um sacrilégio, como se o crítico fosse Maria Madalena prestes a ser apedrejada. Agora, não só há espaço para críticas, como muita gente concorda com elas.

E esse pessimismo não é apenas narrativo; os números confirmam. Segundo pesquisa Atlas divulgada nesta semana, 43% dos brasileiros acreditam que a situação econômica do país vai piorar. Reverter essa percepção será o maior desafio de Lula. Se o sentimento negativo persistir, sua candidatura à reeleição em 2026 chegará enfraquecida.

Curiosamente, nesta sexta-feira, o presidente declarou que sua candidatura dependerá da idade e da saúde. Mas essa pode ser a desculpa perfeita caso o cenário político e econômico não seja favorável. Afinal, quem abriria mão de uma reeleição garantida?

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