JUAZEIRO POLÍTICA

Opinião: BASTIDORES DE CAMPANHA: “ ASSIM FALOU ZARATUSTRA “

Já no final da pré-campanha à Prefeitura de Juazeiro, no meio de uma manhã, recebi a ligação de Andrei da Caixa, solicitando o espaço de meu escritório para reunir-se com Joseph Bandeira e com os deputados Roberto Carlos e Crisóstomo Lima, o Zó, todos, até aquele momento, pré-candidatos a prefeito de Juazeiro.

Dirigi-me ao local, gastei os últimos incensos de uma caixa que uma amiga havia me trazido de sua última visita ao Nepal, de uma pequena aldeia, acampamento de alpinistas, de nome Lukla, aos pés do Himalaia, um dos principais acessos de subida para o Everest. Aromatizado o recinto, preparei uma playlist com os grandes compositores clássicos como Beethoven, Bach, Mozart, Chopin, Tchaikovsky, entre outros.

Bandeira adentraria o recinto ao som de “Assim Falou Zaratustra”, de Strauss, música inspirada num tratado filosófico de mesmo nome, de Nietzsche, uma das preferidas do intelectual juazeirense, que tentava seu retorno ao Paço Municipal.
Minha alegria em receber aquelas lideranças durou pouco.

Andrei da Caixa me liga novamente, desta vez, para dizer que Joseph Bandeira havia sugerido mudança de local do encontro, se não me falha a memória, para
Petrolina, pois, segundo o mesmo, reproduzindo as palavras de Joseph, “não queria reunir-se num ambiente doméstico, ou familiar, e que, pelos laços antigos que tínhamos de amizade, eu ficaria meio que vulnerável e torcendo por ele, violando-se, assim, o princípio, ou campo de neutralidade”. Em parte isso é verdade, todos que me conhecem mais de perto, sabem da minha estima e apreço por amigos como Joseph Bandeira e Dirley Cunha, pelos quais tenho carinho de irmãos.

Por outro lado, eu tinha total identidade com o projeto de Andrei da Caixa, fui-lhe solidário em todas as etapas, desde a concepção original, entre um atendimento e outro, conversando diante da mesa do auto atendimento da Caixa, operada por
ele, e sua fecundação no útero político de nossa Juazeiro, passando pela pré-campanha, campanha propriamente dita, até a sua instalação no Palácio Municipal, o nosso Paço, um dos mais lindos do Brasil, segundo especialistas em arquitetura clássica e neoclássica, embora o mesmo, a rigor, não seja um exemplar dessas categorias, sendo um estilo estético próprio, diferenciado e regionalizado de época.

Zó e Roberto, com todo respeito às suas pretensões, acreditávamos que estavam mais próximos de compor conosco, como de fato aconteceu. Joseph Bandeira estava mais resistente, mesmo com o filho vice-prefeito de Juazeiro, da então prefeita Suzana Ramos, candidata à reeleição, o mesmo tentava unir as forças de oposição sob a sua liderança, para tentar ocupar o Paço pela terceira vez.

Eu e Andrei da Caixa discutimos a estratégia de comparecer ao evento de lançamento da pré campanha de Joseph, mesmo este não tendo comparecido ao nosso do dia 14 de junho, nem aos eventos de Roberto e de Zó. Fomos todos, eu defendia o chamado “quarteto mágico”, composto pelas quatro lideranças. Todos fizemos uso da palavra, mas, apenas Roberto ficou até o final, Andrei da Caixa tinha outro compromisso e Zó, que tinha vindo especialmente de Remanso onde cumpria agenda com o Governador, para lá retornou, a fim de reintegrar-se à comitiva.

Qual era a estratégia principal em prestigiar o evento de Joseph Bandeira? Era tentar uma articulação com o Governador Jerônimo Rodrigues e as lideranças maiores desse campo, no sentido de alçar a ex-Senadora Lidice da Mata, atual deputada federal, presente no evento, e de quem Joseph Bandeira é o primeiro suplente, a um Ministério, ou a uma importante Secretaria, compartilhando o exercício de seu mandato com Joseph, que retornaria ao Congresso Nacional, para perto de seu amigo, o Presidente Lula. Foi um evento muito bonito, de muita alegria, poesia, musicalidade e belos discursos. No final, Joseph não veio, mas a instituição partidária à qual pertence veio com suas lideranças apoiar Andrei da Caixa, que sagrou-se vencedor daquele pleito.

Por Jaime Badeca.

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