*Anna F (Colunista do Blog Opará, tem uma Coluna toda quarta-feira)
Juazeiro, no norte da Bahia, nas eleições 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, está entre os poucos municípios que elegeram uma mulher para prefeita.
A cada dez prefeitos eleitos no Brasil, apenas um foi do sexo feminino. O que corresponde à apenas 12% do total de prefeitos eleitos.
Apenas, Palmas (TO) entre as capitais brasileiras, elegeu uma mulher para prefeita – Cyntia Ribeiro (PSDB).
Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%). Neguinha da Santa Casa (MDB) foi a única mulher eleita entre 21 vereadores de Juazeiro.
Muito embora nós mulheres sejamos 51,8% do eleitorado, mais de 52% da população brasileira e, tenhamos aumentado a nossa participação nas disputas municipais, mais uma vez a nossa ocupação é composta por uma minoria preocupante.
Preocupa-nos saber que somos maioria da população e dos eleitores, ocupamos mais cadeiras nas universidades, somos mais qualificadas e ainda assim, preteridas na hora da escolha pelos partidos para disputarmos os espaços políticos de poder e decisão.
Em Juazeiro, o ainda gestor Paulo Bomfim, o prefeito que teve o maior índice de rejeição em toda história de Juazeiro, ficando atrás somente do ex-prefeito Misael Aguilar, mesmo sabendo que não seria reeleito, não abriu mão de concorrer à reeleição e ainda levou para a sua chapa outro homem.
O prefeito desprezou na sua chapa, uma mulher feminista e comunista, Lorena Pesqueira, e escolheu em seu lugar o altamente rejeitado, delegado Charles Leão.
A chapa então apresentada pelo Partido dos Trabalhadores – PT que tem como uma de suas bandeiras, o empoderamento feminino, preferiu perder a eleição no sexto maior município baiano a indicar mulheres para o cargo de prefeita ou vice, mesmo tendo em mãos as pesquisas que indicavam alta rejeição ao ex-garçom recém filiado à legenda.
O PT local não concorreu às eleições em 2020, defendendo o legado feminino na política, mesmo sendo o primeiro e até o momento o único à eleger uma mulher para a presidência da República. Essa decisão custou a baixa votação às candidaturas femininas do partido de Dilma Rousseff.
O PSDB partido de direita, apresentou à Juazeiro uma mulher nascida, criada e educada em Juazeiro. Suzana Ramos que teve três mandatos como vereadora e já foi candidata à vice prefeita, concorreu a eleição usando o apelido de Mãe. Deu certo! Através de Suzana, sem apelar para as bandeiras do feminismo, o PSDB atraiu mulheres das mais diversas tendências políticas.
Suzana foi eleita com 64 mil votos, mais de 31 mil votos que o atual prefeito.
Juazeiro tem o perfil de quem ousa mudar e de quem se adapta rapidamente às mudanças globais. O mundo pede mulheres ocupando espaços de poder e assim, Juazeiro elegeu Suzana Ramos.
O município, porém, se contradiz quando para a Câmara Municipal, elege apenas uma mulher – a valente Neguinha da Santa da Casa. Que recado, Juazeiro estaria transmitindo aos partidos locais?
Somos apenas 12% nas mais de 5 mil prefeituras brasileiras. Suzana nos dá a honra de nos representar e não ter máculas em seu passado. Sua história é limpa e precisamos que assim continue para que outras suzanas (virou adjetivo) possam ampliar os espaços na política juazeirense quando então: coronéis, vaqueiros e delegados se dedicarão à outras atividades e nos permitirão legislar e governar o nosso município.
Lugar de mulher é onde ela quiser!
*Mulher - filha - mãe - esposa Eleitora de Juazeiro