Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia. Vocês que inventaram essa Juazeiro das ruas esburacadas, escuras e das obras inacabadas. Uma cidade sem cultura; sem arte; sem vida; sem a noite boemia; sem educação de qualidade.
Vocês que mandaram, no tal do “tudo nosso, e nada deles” como gostavam de se expressar. Oprimindo um povo alegre, a andar olhando para o chão e a falar de lado. Sorrateiros e dissimulados, pregavam o amor e paz, quando na verdade são uns tiranos, déspotas e forasteiros sem piedade com os filhos dessa terra. Quantos juazeirenses pagaram alto preço por não serem os seus capachos ou por não atenderem os seus caprichos?
Mas vocês não conseguiram conter a primavera, não puderam conter a euforia que tomou conta das ruas, nas redes sociais e nos gritos contidos. Não poderão mais proibir o canto do galo que tece uma manhã, estimulando outros galos a cantarem.
Água nova não passa somente embaixo da ponte presidente Dutra, passou também no Paço Municipal, essa com aditivos: hipoclorito de sódio e ácido clorídrico para limpar toda sujeira e encardido. O povo lhes cobrarão com juros todo canto reprimido, toda obra inacabada, toda rua esburacada e toda morte da cultura.
Apesar de vocês, veremos todos os dias o sol raiar sem pedir licença e as praças continuarão brotando flores, mesmo sem vocês quererem.